quinta-feira, 26 de maio de 2016

Filme "Gueto", Reflexão

Thailine Leite
Reflexão nº 8


Naturalidade

A naturalidade, segundo Luciana Duranti, é uma característica dos registros documentais. Esta naturalidade é em relação a como os documentos se acumulam no decorrer das transações em segundo as necessidades da matéria em pauta. Diferentemente, por exemplo, dos objetos de museu, coletados artificialmente, os documentos são acumulados naturalmente, em função dos objetivos de seu produtor. (DURANTI, 1994, p.3). Mas é importante ressaltar que este aspecto do documento, assim como as suas demais características, diz respeito ao documento em si e não em relação aos seus produtores, às atividades que o geraram ou a sua utilização. (LOPEZ, 20015, p. 24).

Cenas do filme sobre os informes semanais oficiais
Disponível em: docmaniatv
Em relação ao filme Gueto, tal característica dos documentos, possibilita compreender como se deu a acumulação dos documentos expostos no filme no curso de suas atividades, como os relatórios semanais de oficiais, os informes financeiros, os passes de entrada, o que é decisivo para a análise documental. As especificidades dos documentos, as suas característica, incluindo-se, assim, a naturalidade, “tornam a análise dos registros documentais o método básico pelo qual se pode alcançar a compreensão do passado tanto imediato quanto histórico, seja com propósitos administrativos ou culturais”. (DURANTI, 1994, p. 4 ).

Referências:
DURANTI, Luciana. Registros documentais contemporâneos como provas de ação. In: revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 7, n.13, 1994, p.49-64.

LOPEZ, André Porto Ancona. História e arquivo: interfaces. In: MORELLI, Ailton José (org). Introdução ao estudo da História. Maringá: EDUEM, 2005, p. 21- 34.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Reflexão Filme "Gueto"

Thailine Leite 
Reflexão nº 7 
Cena do Filme
Disponível em: go2films

Importância da organicidade para pesquisa histórica

O documento arquivístico é aquele que prova de alguma atividade, onde é essencial que tanto o seu contexto quanto o seu significado sejam mantidos. Essa relação dos documentos com as atividades partem de uma das características principais das especificidades do arquivo, a Organicidade. Dicionário de Terminologia Arquivística de São Paulo, AAB-SP (1996 p. 57), organicidade é a “Qualidade segundo a qual os arquivos refletem a estrutura, funções e atividades da entidade acumuladora em suas relações internas e externas.”  A ausência da organicidade em um arquivo tem por consequência a perda das relações de seus documentos, ou seja, a perda da compreensão das funções e atividades desenvolvidas por seu produtor.

Os arquivos não nascem com o objetivo de serem fontes de pesquisa histórica, sua preservação é alheia às atividades de pesquisa histórica (LOPEZ, 2005 p. 23). No entanto, os documentos são instrumentos essenciais na construção do entendimento e criticidade a respeito dos acontecimentos históricos. “Com o aparecimento do estado-nação e o desenvolvimento da História como disciplina universitária em que as fontes originais são utilizadas como materiais de apoio à investigação, os depósitos de arquivo, outrora considerados sobretudo como ‘arsenais de leis’, transformam-se agora em ‘arsenais da história’. (ROUSSEAU e COUTURE, 1998, p 17)

Como afirma Lopez (2005, p. 31) o “documento de arquivo quando devidamente organizado conforme com seu produtor e suas atividades a ampliação máxima das suas potencialidades. Essa ampliação fornece uma base sólida para que a ambiguidade seja afastada do uso posterior do documento (pelo historiador, por exemplo), ampliando as suas potencialidades analíticas.” No caso dos documentos expostos no filme Gueto, tais documentos de arquivo na posse dos seus correspondentes produtores, se faz necessário, para que o pesquisador compreenda suas informações, que as atividades e funções desses produtores sejam claras, onde a organicidade desses documentos em seus respectivos arquivos é fundamental para que ocorra a correta interpretação e construção do conhecimento histórico a respeito do acontecimento retratado no filme, ou de qualquer outro acontecimento.

Referências:
LOPEZ, André Porto Ancona. História e arquivo: interfaces. In: MORELLI, Ailton José (org). Introdução ao estudo da História. Maringá: EDUEM, 2005

ROUSSEAU, Jean-Yves e COUTURE, Carol. Os fundamentos da disciplina arquivística. Lisboa : Publicações Dom Quixote, 1998.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Fixando o Bizagi

Lorena Oliveira 140025791


Questões para prova

Elaborando três questões em relação às atividades e noções obtidas em sala de aula e à bibliografia do plano de ensino da Disciplina Diplomatica e tipologia documental,  perguntamos:

1) O que é diplomática e no que a diplomática ajuda no tratamento de uma massa documental acumulada?

2) Quais são os aspectos levados em conta na análise diplomática e a que se refere cada um?


3) Leia o caso: Uma das alunas do blog Salus foi a uma consulta com um oftalmologista. A oftalmologista, ao fazer a receita oftalmológica,  percebeu que havia esquecido o seu carimbo com seu nome e CRM e então escreveu, a punho, o seu registro e assinou, como um visto, sem identificação de seu nome a receita. Segundo o Conselho Federal de Medicina, para este tipo de receita médica não é obrigatório o uso de um carimbo, mas, exige-se o nome legível do médico e seu CRM. No entanto, a aluna conseguiu utilizar normalmente a receita oftalmológica para a finalidade que foi gerada .
Em relação aos conceitos de Duranti sobre três tipos de autenticidade, considere o caso historicamente autêntico e responda: o documento citado é diplomaticamente autêntico? Justifique sua resposta e explique este conceito.

Fixando o Bizagi


Nathaly Cristine Leite Rocha
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Fixando o Bizagi

Mapeamento do processo de realização de prova de Diplomática e Tipologia Documental

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Reflexão do filme Gueto

Análise tipológica

Thailine Leite
Reflexão nº 6

Tipologia documental

Segundo o Dicionário de Terminologia Arquivística de São Paulo, AAB-SP (1996 p. 74), tipologia documental é a “Configuração que assume uma espécie documental, de acordo com a atividade que a gerou.” Assim, é através da tipologia documental que há a possibilidade de compreensão de um documento dentro de seu contexto de produção, a tipologia documental é a prova concreta da existência de uma função e de uma atividade.

Cena do Filme Gueto
Disponível em: dustysomers
No filme Gueto de Yael Hersanski, ao falar dos filmes feitos para propaganda nazista, é afirmado: “Ironicamente, depois da guerra, estes filmes encomendados pelos nazistas servem de documento para qualquer diretor de cinema ou museu que queria saber o que ocorreu... para descrever o indescritível”. É interessante notar que a respeito das diversas espécies documentais que aparecem no filme o gueto, muitas, como as próprias fitas para propaganda encontradas do período do aprisionamento de judeus pelos nazistas, não foram feitas por motivo de uma função arquivísitica, mas ao compreender-se a história e os acontecimentos que envolvem tais fitas encontradas, ao se entender o contexto, função e a determinada atividade a qual o documento está inserido vê-se claramente o quão grande é a sua diferenciação e como a compreensão correta de uma análise tipológica fundamental no âmbito arquivístico.



Fixando o Bizagi


Letícia de Farias Souza
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sexta-feira, 6 de maio de 2016

Iniciando o Mapeamento de Processos

O mapeamento de processos é uma forma de organização e controle de todos os processos e atividades dentro de uma empresa, organização ou qualquer outra instituição e desempenha também  a função de registro e documentação histórica de tais instituições.

Mapear os processos permite que se faça uma análise estruturada nos processos existentes, criando oportunidades de melhoria de desempenho organizacional ao identificar problemas e pontos fracos e, sobretudo, criar bases para implantação de melhorias. Esta análise estruturada de processos permite, ainda, reduzir custos, falhas de integração entre sistemas e promover melhoria de desempenho organizacional, além de ser uma excelente ferramenta para entender bem as atividades desenvolvidas para assim melhorar o que já existe ou simplesmente eliminar o que é desnecessário. Tudo isso gera uma grande benefício na gestão das instituições.

A utilização do mapeamento de processos para o blog Salus será um instrumento de apoio tanto para elaborar os passos a serem seguidos na composição da nossa oficina, quanto em nosso tema, pois ajudará a compreender os procedimentos e atividades em que as bulas médicas devem se submeter, em relação a sua criação, pesquisas envolvidas, avaliação de acordo com as leis que regem sua composição, aprovação, divulgação e uso, por exemplo. Nos ajudará a lidar e compreender com o trâmite de nossa oficina e do nosso tema.

Bibliografia sugerida
ENOKI, C.. Gestão de processos de negócio: uma Contribuição par a Avaliação de Soluções de Business Process Management (BPM) sob a ótica da Estratégia de Operações. São Paulo: 2006

Atividade piloto de mapeamento

Elaboração de atividade no blog SALUS- Arquivo e saúde 


Classificando...

 Em nossa última aula foi nos proposto como atividade a classificação, em dois planos de classificação, sendo um, obrigatoriamente o proposto pelo CONARQ (Conselho Nacional de Arquivos), de um registro fotográfico exposto a nós, através da doutoranda Laila Di Pietro, orientanda do Professor André Lopez, a qual relatou sua experiência vivida nos meses em que passou na Colômbia, em específico na ASOCIACIÓN CAMINOS DE ESPERANZA MADRES DE LA CANDELARIA.  A fotografia em questão registra uma marcha realizada pela instituição a favor da Paz, além de retratar um importante acontecimento para a memória institucional.

Classificando, teríamos:
Fundo: ASOCIACIÓN CAMINOS DE ESPERANZA MADRES DE LA CANDELARIA
Função Arquivística: Registro de difusão de manifestação pública 
Espécie: Registro fotográfico
Série/Tipo: Registro fotográfico para registro de difusão de manifestação pública 

Classificar é diferenciar, será que se consegue diferenciar este documento, diferenciar sua função e atividade dos demais documentos de arquivo e suas respectivas funções e atividades pelo plano de classificação do CONARQ?

Numa busca pela devida classificação do registro fotográfico para registrar a difusão da marcha de acordo com o CONARQ, surgem as tentativas:

Uma tentativa em “Documentação e informação” onde o CONARQ afirma que “Incluem-se nesta subclasse os documentos referentes à publicação, produção editorial, preparo, impressão e distribuição de matérias, bem como à aquisição, controle, distribuição e acesso à documentação bibliográfica do órgão. Incluem-se, ainda, os documentos referentes à produção, controle, avaliação, arquivamento e destinação de documentos arquivísticos, como também os documentos relacionados com as atividades de reprodução, conservação e informática”, classificando o registro fotográfico em:

061.2 DISTRIBUIÇÃO. PROMOÇÃO. DIVULGAÇÃO - Incluem-se documentos referentes à doação, permuta e venda. 
No entanto, essa classificação não diz respeito efetivamente aos registros de difusão de manifestações, mas sim à divulgação dos eventos em si, não sendo compatível com a função do registro fotográfico.

A classe com código 900 trata, como o próprio CONARQ deixa claro, “Assuntos Diversos”, ou seja, é onde tudo é passível de encaixe, de uma forma ou outra, uma miscelânea, por assim dizer. Por ser, de certa forma, registro de um evento promovido pela instituição Madres de La Candelaria, há a tentativa de classificar o registro fotográfico em:

920 – CONGRESSOS. CONFERÊNCIAS. SEMINÁRIOS. SIMPÓSIOS. ENCONTROS. CONVENÇÕES. CICLOS DE PALESTRAS. MESAS REDONDAS Classificam-se os documentos referentes a eventos, promovidos ou não pelo órgão.

930 – FEIRAS. SALÕES. EXPOSIÇÕES. MOSTRAS. CONCURSOS. FESTAS Incluem-se nesta subclasse os documentos relativos a eventos promocionais, do órgão ou de outras instituições, bem como material de divulgação.

Nesses níveis, que é deixado claro que são por ASSUNTO, o que é visto é que nenhum facilita a recuperação do documento, pois não é possível chegar ao próprio, onde, também, não cabe o registro fotográfico, pois não revela sua atividade efetivamente na instituição.

O que se vê no plano de classificação do CONARQ é um plano que é construído pelas grandes competências, mas que não se chega no documento, não se chega na série documental, no caso específico citado, na fotografia. Vai das amplas competências e para. Seja qualquer a tentativa de classificar o registro fotográfico que a classificação escolhida não contemplará efetivamente as necessidades de recuperação do documento.

Não há nenhum item no plano do CONARQ em que se fale da espécie documental, da mesma forma em que não há um campo para aparecer a função de maneira clara, muitas vezes o que se é um apanhado de contradições, havendo situações em que a classificação começa pela função, outros momentos por assunto, tendo ainda a classe “diversos” que possibilita uma infinidade de misturas, consequentemente, não chegando ao documento. Ou seja, o Plano de Classificação do CONARQ é inflexível, não permite a identificação do documento, não há compreensão sobre o trâmite do documento, nem a sua função dentro da instituição. E se um plano de classificação não permite esses quesitos, o plano funciona? Não, o plano não funciona.

O que se pode propor como melhoria para o plano de classificação do CONARQ é utilizar as propostas trazidas pelo Plano de Classificação do Senado, o qual foi inspirado no plano de classificação do CONARQ. Este começa, também, pelas grandes estruturas, fazendo isso em nível hierárquico, em grandes funções, subfunções e se especificando até chegar ao documento.

Já o plano de classificação proposto pelo professor André Lopez em seu texto “Identificação de tipologias documentais em acervos de trabalhadores” parte de uma concepção diferente do Plano de Classificação do CONARQ. Seu plano de classificação parte da estrutura do documento, da análise diplomática e da análise tipológica do mesmo, onde se tem o registro fotográfico classificado da seguinte forma:

Fundo
Espécie
Função Arquivística
Tipo arquivístico

ASOCIACIÓN  MADRES DE LA CANDELARIA
Registro fotográfico
Registro de difusão de manifestação pública  
Registro fotográfico para registro de difusão de manifestação pública (simplificável - fotografia de manifestação)
Quadro 01- Possibilidade de contextualização tipológica

Fundo: ASOCIACIÓN MADRES DE LA CANDELARIA
Função
Espécie
Número de doc.
Datas-limite
Registro de difusão de manifestação pública
Registro fotográfico
1
[?]

Quadro 02 – Exemplo de plano de classificação tipológica

Assim, através do plano de classificação proposto pelo professor André, sabe-se que o documento é a respeito de registro de manifestações, onde poderá ter-se outras espécies documentais, além de fotografia.

Este plano de classificação parte das características diplomáticas do documento, definindo a espécie, definindo a função correspondente do registro fotográfico no arquivo, enfatizando o documento e suas relações com o produtor, onde fica claro o trâmite do documento e facilita a recuperação do mesmo.

É um plano de classificação que permite flexibilidade, a identificação do documento,  compreensão sobre o trâmite do documento e a sua função dentro da instituição. E se o plano de classificação permite esses quesitos, o plano funciona? Sim, este plano funciona.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Filme o Gueto - Reflexão

Thailine de Almeida Leite
Reflexão nº 5

A imprescindibilidade da verificação dos acontecimentos

Judia sobrevivente entrevistada no Filme o Gueto
Disponível em: bp
A “matéria-prima”, por assim dizer, do documentário o Gueto é composta pelos rolos de filme encontrados, com cenas do cotidiano no Gueto de Varsóvia, onde milhares de judeus sofreram confinamento durante o nazismo. Para verificar a respeito dos rolos encontrados, um dos instrumentos utilizados pela diretora, Yael Hersonski, foi o testemunho dos judeus sobreviventes que moraram e vivenciaram os acontecimentos no Gueto de Varsóvia no período de terror para estes e sua nação. Através desses é possível entender sobre o cotidiano e também ver a comoção e a dor dos entrevistados, como uma participante do documentário chega a dizer ao ver as cenas: "Eu fico pensando que, entre todas essas pessoas que eu poderia ver minha mãe andando".


Os testemunhos dos judeus servem como documentos de prova, para a verificação, para aferir, checar o que de fato aconteceu, para o melhor entendimento de como os nazistas pretendiam realizar um filme de propaganda utilizando a atuação dos próprios judeus nessa campanha. A verificação dos fatos é imprescindível. Com efeito, é necessário checar, verificar as informações contidas nos documentos, para melhor entendimento das funções e atividades destes documentos, consequentemente, levando à compreensão do motivo do nascimento e realidade dos mesmos. O testemunho oral é fonte histórica e investigativa, sendo imprescindível, como observado no documentário, para uma melhor reconstrução e checagem do contexto dos documentos.