Reflexão 9
Arquivo e registro material
É possível falar-se de
arquivo a partir de quando o ser humano passar a registrar suas atitudes,
conhecimentos e sentimentos, a partir do momento em que passa a ser
materializada a memória coletiva e individual (SOUSA, 2007, p.95 ), o que se conhece e o
que se descobre agora fica preservado em registros. Sousa cita que Duranti em uma de suas obras menciona Sócrates a respeito da invenção da escrita e seu impacto: “Se os homens aprenderem isto, estará
implantado o esquecimento em suas almas: eles deixarão de exercitar a memória
porque confiarão no que está escrito e chamarão as coisas à lembrança não mais
dentro de si, mas por meio de marcas externas; o que descobriste é um remédio
não para a memória, mas para a lembrança.”(PLATÃO apud SOUSA, 2007, p. 95-96)
Gueto de Varsóvia atualmente (Disponível em: getuino) |
Essa importância dos
registros para a materialização da lembrança e da cultura de povos, por
exemplo, é facilmente observada no Filme Gueto. Os nazistas contaram sua versão
da história, retratando o gueto de Varsóvia como um local com boa qualidade de
vida para os judeus, no entanto, os judeus também expuseram a sua versão de
como era a vida no maior gueto judaico. Os judeus arriscaram suas vidas para
retratarem secretamente o seu cotidiano, sua crônica de vida no gueto, “usavam
pena e papel no lugar de câmeras” como falado no filme. Como exposto, Emanuel Ringelblum, um historiador
polonês, o qual viveu no Gueto de Varsóvia, comandou uma sociedade secreta a
fim de documentar a vida no gueto, reunindo registros como de jornalistas,
escritores, professores, jovens e até mesmo de crianças alocadas no gueto, os
quais descreviam sua vida pessoal, seu dia-a-dia, compondo assim um arquivo
secreto. Tais registros são de suma importância para o entendimento e
preservação dos acontecimentos, da luta e da cultura dos judeus. Sobre tais
pessoas que colaboram para a composição deste arquivo secreto, como assim dito
no filme: “Todos eram conscientes do valor da tarefa e de sua importância para
as gerações futuras.”
Referência: SOUSA,
Renato Tarciso Barbosa de. A classificação como função matricial do que- fazer
arquivístico. In.: SANTOS, Vanderlei Batista dos; INNARELLI, Humberto Celeste;
SOUSA, Renato Tarciso Barbosa de (Orgs). Arquivística: temas contemporâneos: classificação,
preservação digital, gestão do conhecimento. 2. ed. Distrito Federal: SENAC,
2007. p 95-96
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