quarta-feira, 1 de junho de 2016

Filme Gueto - Reflexão

Thailine Leite

Reflexão 9
Arquivo e registro material



É possível falar-se de arquivo a partir de quando o ser humano passar a registrar suas atitudes, conhecimentos e sentimentos, a partir do momento em que passa a ser materializada a memória coletiva e individual (SOUSA, 2007, p.95 ), o que se conhece e o que se descobre agora fica preservado em registros. Sousa cita que Duranti em uma de suas obras menciona Sócrates a respeito da invenção da escrita e seu impacto: “Se os homens aprenderem isto, estará implantado o esquecimento em suas almas: eles deixarão de exercitar a memória porque confiarão no que está escrito e chamarão as coisas à lembrança não mais dentro de si, mas por meio de marcas externas; o que descobriste é um remédio não para a memória, mas para a lembrança.”(PLATÃO apud SOUSA, 2007, p. 95-96)

Gueto de Varsóvia atualmente (Disponível em: getuino)
Essa importância dos registros para a materialização da lembrança e da cultura de povos, por exemplo, é facilmente observada no Filme Gueto. Os nazistas contaram sua versão da história, retratando o gueto de Varsóvia como um local com boa qualidade de vida para os judeus, no entanto, os judeus também expuseram a sua versão de como era a vida no maior gueto judaico. Os judeus arriscaram suas vidas para retratarem secretamente o seu cotidiano, sua crônica de vida no gueto, “usavam pena e papel no lugar de câmeras” como falado no filme. Como exposto, Emanuel Ringelblum, um historiador polonês, o qual viveu no Gueto de Varsóvia, comandou uma sociedade secreta a fim de documentar a vida no gueto, reunindo registros como de jornalistas, escritores, professores, jovens e até mesmo de crianças alocadas no gueto, os quais descreviam sua vida pessoal, seu dia-a-dia, compondo assim um arquivo secreto. Tais registros são de suma importância para o entendimento e preservação dos acontecimentos, da luta e da cultura dos judeus. Sobre tais pessoas que colaboram para a composição deste arquivo secreto, como assim dito no filme: “Todos eram conscientes do valor da tarefa e de sua importância para as gerações futuras.” 

Referência: SOUSA, Renato Tarciso Barbosa de. A classificação como função matricial do que- fazer arquivístico. In.: SANTOS, Vanderlei Batista dos; INNARELLI, Humberto Celeste; SOUSA, Renato Tarciso Barbosa de (Orgs). Arquivística: temas contemporâneos: classificação, preservação digital, gestão do conhecimento. 2. ed. Distrito Federal: SENAC, 2007. p 95-96



Nenhum comentário:

Postar um comentário